terça-feira, 22 de janeiro de 2019

ORÁCULOS: SERES, ARQUÉTIPOS E PRINCÍPIOS




A Luz Autora da Vida

"Eu sou o passado, o presente e a vida futura
Eu sou o azar e também a boa ventura
Eu decreto o destino mas mudo a sorte
Eu teço o fio da vida executo o seu corte
Eu sou quem a roda da fortuna gira
Eu dou a Luz que de Samsara o Desperto livra
Eu sou a Lei do Carma e a Terceira Visão
Eu sou o Tempo, o Darma e a Iluminação
Eu sou escritora da história de deuses e mortais
Eu sou a magia dos oráculos e previno as escolhas fatais"

Sol Rhui

Artigo

A magia oracular é universal porque praticamente todas as culturas desenvolveram os seus sistemas oraculares. A ideia primitiva de que os diferentes posicionamentos dos astros bem como o magnetismo que emanam destes corpos celestes influenciam nos assuntos terrenos atravessou continentes, pois vemos tanto as pirâmides maias nas Américas como as pirâmides egípcias na África construídas sob espantosa precisão astronômica.

Foi assim que a Astromancia, a Arte Oracular de prever os acontecimentos através da observação dos astros foi sendo sistematizada e se tornou a Astrologia, a Ciência Esotérica que se dedica tanto ao autoconhecimento pela análise da personalidade individual bem como às previsões pessoais e coletivas.

Percorrendo diversas culturas, encontramos referências a pessoas e seres que eram capazes de acessar o futuro e que tinham a função de trazer as revelações divinas para guiar, admoestar e orientar os povos aos quais eles pertenciam.

Na Grécia, por exemplo, encontramos as pitonisas (sibilas entre os romanos), que eram sacerdotisas do deus Apolo, a quem atribuíam a fonte de sua inspiração. Através da mastigação de folhas de louro e da inalação de certos gases da região onde se encontrava o templo elas entravam numa espécie de transe que propiciava a prática oracular.

Ainda na cultura grega temos o deus Hermes, o qual era responsável por transmitir as mensagens dos deuses para os mortais. Papel muito semelhante ao que os anjos (angelos:mensageiros) executavam entre o divino e os homens nas crenças abraâmicas.

Nestas mesmas crenças haviam os chamados "Nabim" (usualmente traduzidos como profetas) que eram responsáveis por receber a inspiração divina para escrever e parar orientar o povo, muitas vezes revelando acontecimentos futuros por meio das visões.

No Egito, por sua vez, encontramos o Thoth, deus da escrita e da sabedoria e a quem também é creditado os fundamentos da astrologia egípcia. É interessante notar como em nosso inconsciente coletivo a arte da escrita está diretamente relacionada às artes oraculares, como a noção de que o nosso destino já estivesse "escrito".

Por isso muitos sistemas oraculares que conhecemos na atualidade são na realidade alfabetos, cujos símbolos literais ganharam um significado arquetípico que é evocado durante a utilização de tais alfabetos sagrados. A exemplo disto temos as Runas, o Ogham, o Oráculo Apolíneo (que utiliza o alfabeto grego) e os arcanos maiores do Tarot, que apesar de serem representados com imagens arquetípicas mais complexas, são baseados nas 22 duas letras do alfabeto hebraico.

Temos também o deus Oghma, um guerreiro celta a quem é atribuída a criação do Ogham e Odin, o deus nórdico da sabedoria que fez uma sacrifício se dependurando nove dias e nove noites na árvore de Yggdrasil para lhe ser revelado o segredo das Runas.

Na cultura yorubá por exemplo, temos Orunmilá, do qual é dito ser mensageiro da divindade para as pessoas, e o oráculo que é relacionado a ele se chama Ifá, que é a base para outros sistemas oraculares dentro desta cultura.


Se voltarmos a nossa atenção para as mitologias pré-colombianas temos por exemplo na mitologia maia o casal Itzamna e Ixchel, o primeiro é um deus solar, senhor das estrelas e criador do calendário, a segunda é a deusa da Lua e muitas vezes representada como uma tecelã (arquétipo recorrente ao processo da confecção do destino, como a teia do Wyrd nórdico e as Moiras fiandeiras gregas) a qual se atribui também o conhecimento do futuro. Note a importância que havia para esta cultura a capacidade de antecipar acontecimentos.

Ainda temos também o Oxomoco e Cipactonal, que na mitologia asteca eram o primeiro casal humano e ambos estavam relacionados com a astrologia. Nesta mitologia vemos a ancestralidade da observação dos astros como método divinatório iniciado nos primórdios da humanidade.

Temos também a manifestação tríplice da Lei do Carma (ou Causação) em diferentes culturas:
Entre os romanos temos as Parcas: Nona, Décima e Morta; entre os gregos temos as Moiras: Cloto, Láquesis e Átropos e entre os nórdicos temos as Nornes: Urd, Verdhandi e Skuld. é dito que nem mesmo os deuses escapam do seu poder de executar o Carma (se considerarmos o conceito budista de deuses/devas como seres com poderes de um mundo espiritual acima mas ainda sujeitos à roda de renascimentos, e estas entidades como uma manifestação de um Princípio Cósmico, fica mais fácil de entender o porque de elas estarem acima dos deuses).

As três entidades de cada cultura representam respectivamente a consecução do tempo: a Sabedoria adquirida pela memória do passado, o Entendimento pleno do presente (a iluminação: enxergar a realidade despida da ilusão de Maya) e o Conhecimento acerca das coisas futuras (premonição, a revelação do seu carma/darma).

Como manifestação tríplice do Carma cada uma delas também representam 1º o desejo de agir, 2º  a ação e 3º o fruto ou o resultado da ação, ou seja a reflexão a ação e a reação. Vejamos um exemplo seguindo estes três estágios: 1º eu desejo beber água; 2° eu bebo a água, 3º eu sacio a minha sede.
Segundo as filosofias orientais hinduístas e budistas é justamente este ciclo de ações (karman: "ação") que ata os seres na roda de mortes e renascimentos (Samsara), e através da iluminação (Nirvana) é possível a libertação do deste ciclo (Moksha).

TABELA DE CORRELAÇÕES


PARCAS
MOIRAS
NORNES
ATRIBUTO
TEMPO
ASPECTO
NONA
CLOTO
URD
SABEDORIA
PASSADO
REFLEXÃO
DÉCIMA
LÁQUESIS
VERDHANDI
ENTENDIMENTO
PRESENTE
AÇÃO
MORTA
ÁTROPOS
SKULD
CONHECIMENTO
FUTURO
REAÇÃO


Entretanto ainda podemos evocar os arquétipos dos animais totem que guardam uma correlação com a prática oracular. Por exemplo: A águia com a sua visão de longo alcance, representando o dom da clarividência; a aranha com a sua arte de tecer teias, representando a tecitura do destino; a coruja com a sua sabedoria adquirida através da observação; o morcego e o seu radar que o possibilita "enxergar" na escuridão; o gato com o seu jeito misterioso e a sua poderosa intuição; a pomba e o falcão  como símbolos do mensageiro; o elefante como guardião dos mistérios e da memória ancestrais e a serpente por ser o símbolo do conhecimento, da sabedoria e do renascimento (a natureza cíclica do tempo).

Então percebemos a universalidade do Oraculismo em muitas culturas tanto como um ofício como um caminho de evolução espiritual à medida que o oraculista é capaz de canalizar mais e mais Luz Divina tanto para a sua iluminação pessoal como para ajudar no despertar das outras pessoas, no qual o vidente a princípio é alguém que encarnado serve como mensageiro intermediário entre o mundo espiritual, e que visa atingir a perfeita clarividência (visão clara, iluminação) que pode liberá-lo da roda de Samsara,o que se manifesta através do autoconhecimento e da descoberta do sua missão (darma) e dos seus resgates (carma) para serem purificados. Este conhecimento é possível através da luz de Buddhi (a intuição/sabedoria) proveniente do Ajña Chakra (a terceira visão).

Sol Rhui

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