1)
Sol Rhui: poderia nos falar um pouco sobre o seu livro Pergaminhos?
Daniel Oliverpe: Tenho um carinho especial por
“Pergaminhos” (Editora Multifoco, 2012), não apenas por ser o primeiro livro
que lancei em formato físico mas pelo que ele representa. Eu o lancei quando
estava com 31 anos (hoje estou com 38) e, na época, fazia uns 5 ou 6 anos que
eu havia começado a estudar Ocultismo. Antes de lançá-lo como livro eu havia
postado todas as poesias que o compõe em um blog, meu primeiro blog que hoje já
não existe mais pois o deletei quando lancei “Pergaminhos” como livro físico. A
proposta de “Pergaminhos” era ser uma espécie de Arca onde eu depositaria um
pouco de cada coisa que aprendi até então estudando Ocultismo e assuntos afins.
Desta forma, em “Pergaminhos” eu apresentaria, de forma introdutória, algum
conhecimento, sendo um conhecimento diferente a cada texto, no formato de
poesia, e cada poesia apresentando um personagem diferente para ilustrar o
conhecimento que eu queria de passar; estes personagens seriam deuses, xamãs,
anjos, pretos-velhos, autores, magos, mitos, arquétipos e até mesmo Jesus
Cristo, dentre outros; e, através destes “personagens”, eu contava histórias, e
eles mesmos tinham vozes em cada uma destas poesias. Assim, eu busquei
condensar em “Pergaminhos”, o máximo de conhecimento que eu pudesse em poesias
que fossem as mais curtas possíveis de uma forma que a história não fosse
comprometida. Cada poesia de “Pergaminhos” funciona em separado como uma
história fechada por assim dizer, mas, se você ler do começo ao fim, terá uma
história completa com começo, meio e fim ao longo das 23 poesias que o compõe.
O livro é repleto de
easter eggs, você pode ficar caçando as referências
durante o livro todo, tudo funcionando como uma forma de divulgar algum
conhecimento, seja nas homenagens que faço, no porque de cada coisa estar lá,
até mesmo a quantidade de poesias (23), portanto divirta-se caçando cada coisa
no livro (risos), pois cada coisa tem um motivo para estar lá. Posso destacar
algumas coisas para aguçar a curiosidade daquele ou daquela que nos lê aqui: há
um confronto entre o deus da Guerra Ares e Sun Tzu, autor de A Arte da Guerra,
comandando um exército de Shinigamis (que são deuses da Morte); e há também um
encontro entre Allan Kardec e Aleister Crowley no Umbral; destaco também os
personagens principais da trama que são Hermes, como deus da Ordem, e Éris,
como deusa do Caos. Basicamente, sobre a trama de “Pergaminhos”, há algo
grandioso acontecendo, e este algo pode destruir todo o universo, cabendo aos
heróis da história enfrentar esta ameaça. Mas acho que já falei demais até aqui
(risos), convido a todos a lerem este meu pequeno grande livro [vamos lá,
leiam, tem 70 páginas apenas (risos)]. Em meu blog estão algumas ilustrações
que fiz baseadas neste meu livro, convido a todos também a conferirem estes
desenhos, deixo aqui o link:
https://ouniversodedanieloliverpe.blogspot.com/2019/02/pergaminhos-ilustrados.html .
2)
Sol Rhui: Por que você escolheu o nome
“Pergaminhos” para a sua obra?
Daniel Oliverpe: Se eu contar o porque de se
chamar “Pergaminhos” eu entrego o final da história (risos). Mas posso dizer
que também é “Pergaminhos” porque cada poesia funciona como se fosse isso
mesmo, um pergaminho, que a gente desenrola e lê seu conteúdo; você poderia
colecioná-los na antiguidade e guardá-los em uma biblioteca como a de
Alexandria (risos).
3)
Sol Rhui: O que mais o motivou para a composição da sua obra? Fale-nos
sobre as possíveis influências da mitologia grega e do caoísmo no livro.
Daniel Oliverpe: Como disse, a ideia de
“Pergaminhos” era condensar o máximo de conhecimento que eu tinha segundo
minhas principais influências, e, dentre estas influências, estavam certamente
a mitologia grega e o caoísmo (linhagem da magia do caos). Tem dois livros que
são como bíblias para mim e que os juntei em minha cabeça de uma forma que
funcionam em conjunto: O Caibalion e o Principia Discórdia. Vejo o Caibalion
como um livro que trata de Ordem e o Principia como um livro que trata de Caos.
Daí, como me considero alguém que caminha entre a Ordem e o Caos, a coisa
acabou por funcionar em conjunto na minha cabeça de uma forma muito pessoal e
que eu acho que só eu entendo esta forma (risos). Recomendo a leitura destes
dois livros e que cada um tire suas próprias conclusões, pois o que expus aqui
é apenas minha humilde visão. Vale destacar que além destas influências
herméticas e caóticas, também estão presentes as mitologias nórdica e egípcia.
4)
Sol Rhui: Quando começou o seu
contato com a arte poética e gráfica? Desde o começo os seus trabalhos
artísticos sofreram influências da vertente místico-esotérica?
Daniel Oliverpe: Minha carreira na escrita
começou quando deixei de ser evangélico, lá pelos meus 24, 25 anos. Eu seguia
desde pequeno a igreja e isto, de certa forma, me deu um interesse pelas coisas
espirituais. Mas eu me sentia fechado em um mundo muito limitado, precisava de
mais, não enxergava mais que aquele caminho fazia algum sentido para mim. Foi
quando deixei a igreja e passei a me interessar por ocultismo. Então se pode
dizer que esta vertente mística-esotérica sempre esteve presente em tudo o que
eu escrevia desde o começo, ao menos desde este recomeço. Não que eu não
tivesse me interessado por artes desde muito antes, desde pequeno, pois desde
pequeno eu vivia desenhando ou escrevendo alguma coisa, vivia criando
gibizinhos. Afinal as histórias em quadrinhos é uma paixão de longa data para
mim e eu buscava recriar tudo aquilo que eu lia nas histórias do Homem-Aranha e
do Batman, mas criando meus próprios heróis. Claro que era de uma forma mais
superficial. A maturidade veio quando comecei a escrever após ter deixado a
igreja. Muito da minha maturidade também veio para mim quando descobri o
espiritismo, vertente que sou muito simpático até hoje.
5)
Sol Rhui: Poderia nos falar sobre a influência do hermetismo presente em
algumas das suas poesias?
Daniel Oliverpe: O hermetismo está sempre lá em
minhas obras; é minha forma de lutar contra a Matrix, sabe? (risos) Aprender
hermetismo te dá armas eficazes contra a ilusão que nos cerca, a ilusão que nos
diz que não merecemos, que não podemos, mas, através de estudos herméticos,
aprendemos que podemos sim, que merecemos sim; aprender hermetismo faz com que
você seja um zumbi a menos a vagar sem saber o que faz aqui, de onde veio, para
onde vai. Podemos dizer que a religiosidade ocidental deve a filosofia
hermética pois, em cada vertente, há alguma coisa dela. Mas vejo que não é
possível explicar exatamente o que é hermetismo, pois é algo que você precisa vivenciar;
é como não fosse possível dizer o que é, mas você pode sentir o que é, o que,
de fato, é o mais importante, sentir. Deixo aqui uma poesia que fiz
recentemente sobre hermetismo, que a chamei simplesmente de “Hermetismo”: Sete
são as Leis. / Há a Lei do Mentalismo, a da Correspondência, / a da Vibração, a
da Polaridade, a do Ritmo, / a do Gênero, e a de Causa e Efeito. / Há quem diga
que existam mais Leis, / mas é tão hermético que não se divulga. / Estas são
Leis que regem o Universo como o conhecemos. / São as grades de nossa prisão. /
Aprender sobre estas Leis te permite “hackear” / a Matrix em que vivemos. / É
tudo como uma simulação de computador / e o conhecimento das Leis te permite
ser o mestre do jogo. / Basta você entrar em sintonia com a egrégora hermética
/ e aplicar o conhecimento adquirido / que você pode driblar a influência
destas Leis em tua vida, / podendo manipulá-las ao teu favor. / Estudar
hermetismo é uma chave / que vai te abrir muitas portas. / O hermetismo, o
estudo hermético, pode ser algo fechado / mas também significa o conhecimento
que vem de Hermes. / Entre em sintonia com Hermes / e ele te revelará muitos
segredos. / Lembre-se sempre de que / os lábios da sabedoria estão fechados, /
exceto aos ouvidos do entendimento”. / Esta frase que citei está no livro “O
Caibalion”, / que é um belo manual de instruções / de como “hackear” o sistema
em que vivemos, / esta grande ilusão que nos cerca. / Lá também está escrito
que / “os Princípios da Verdade são Sete; / aquele que os conhece perfeitamente
/ possui a Chave Mágicka / com a qual todas as Portas do Templo / podem ser
abertas completamente”, / o que podemos abraçar como um resumo / de tudo o que
disse até aqui. / Estudar hermetismo te permitirá despertar / para a vida de
verdade; / você passará a ver tudo com outros olhos, / deixará de ser um zumbi,
/ deixará de ver apenas sombras em uma caverna, / enxergará que a verdade não
só “está lá fora” / como também está bem aí, dentro de você. / Toma da pílula
vermelha e você verá / até onde vai a toca do coelho. / Agora se optar pela
pílula azul, / você vai acordar na tua cama / tendo a impressão de que tudo o
que te disse até aqui / foi apenas um sonho.
6)
Sol Rhui: Que outras filosofias espirituais marcaram as suas
composições?
Daniel Oliverpe: Temas filosóficos, espíritas,
espiritualistas, mitológicos, mágickos, ocultistas, herméticos e assuntos
relacionados me interessam e muito, e procuro sempre colocar um pouco disso e
um pouco daquilo em cada texto que escrevo. Mas estou sempre buscando aprender
algo novo e, conforme aprendo, acabo passando isso de alguma forma para meus
textos. Kabbalah é algo que também me interessa mas vejo como algo ainda mais
difícil de explicar o que é do que o hermetismo (risos). Tanto a kabbalah
quanto o hermetismo é algo que temos mais que nos preocupar em sentir o que é
do que explicar o que é. É como se faltasse algo em nós que nos permitisse de
expressar com totalidade o que é a kabbalah, o que é o hermetismo. Outros
assuntos que também me interessam são a iluminação, o romper com a roda das
constantes reencarnações, o contato com o sagrado anjo guardião e o
reconhecimento de nós mesmos como divindades e, é claro, minha constante luta
contra a Matrix (risos).
7)
Sol Rhui: O que você gosta de fazer nas horas vagas além de escrever
poesias e desenhar?
Daniel Oliverpe: Gosto muito de ver filmes, por
isso gosto muito de ir ao cinema. Vou citar aqui meus filmes favoritos: a
trilogia Matrix é claro (risos), a trilogia do Batman do Christopher Nolan,
sendo que, do Nolan, também gosto muito de A Origem, Interstelar e O Grande
Truque, também gosto muito de Constantine com Keanu Reeves, dos dois filmes do
Sherlock Holmes com Robert Downey Jr., e dos filmes da Marvel que acompanho
sempre que lança um novo nos cinemas. Também gosto muito de ouvir música, no
geral rock, mas também gosto muito de música instrumental do tipo orquestrada.
Vou citar aqui minhas bandas favoritas: AC/DC, BlutEngel, Epica, Evanescence,
Foo Fighters, Lacrimosa, Marilyn Manson, Metallica, Mono Inc, Nine Inch Nails,
OOMPH!, Ozzy Osbourne, Pearl Jam, Queens of The Stone Age, Rammstein, Rob
Zombie, Slipknot, System of a Down, The Smashing Pumpkins e Tristania. Também
gosto muito de ler, estou sempre lendo alguma coisa, gosto muito dos livros do
Dan Brown e de livros que sejam ocultistas ou de assuntos relacionados. Deixo
aqui um link de um texto meu em que cito os livros que mais me influenciaram
até aqui:
https://ouniversodedanieloliverpe.blogspot.com/2019/02/eu-loki-von-asgard-09.html . Outra coisa que faço muito em meu tempo
livre é ler histórias em quadrinhos, em especial as de super-heróis, é uma
paixão que tenho desde pequeno e que, com certeza, vou levar para a vida toda.
8)
Sol Rhui: Como você avalia que a prática de escrever e ler poesias
contribui para otimizar a sua vida?
Daniel Oliverpe: Escrever para mim é uma
necessidade. Acredito que seja algo que me permite contribuir com o mundo de
alguma forma. É o meu legado. É a maneira como deixo minha marca no mundo. É
algo que me faz com que eu me sinta realizado. Sinto que, ao escrever, estou
cumprindo minha Verdadeira Vontade, que estou cumprindo minha jornada do herói
pessoal. A cada novo texto é como se eu evoluísse mais um pouco, ao mesmo tempo
em que, a cada novo texto, também percebo que “só sei que nada sei” e que tenho
muito a aprender ainda.
9)
Sol Rhui: Fale-nos um pouco sobre a sua espiritualidade. Já seguiu ou
segue algum caminho espiritual específico? Qual foi a maior lição que você
aprendeu em cada vertente espiritual que já participou?
Daniel Oliverpe: Ao longo desta entrevista já
citei bastante sobre minha espiritualidade, dá pra se ter uma ideia por quais
caminhos segui. Mas, resumidamente, posso dizer que iniciei a vida como católico,
migrei para a evangélica, deixei de acreditar em tudo me tornando alguma
espécie de ateu, então me descobri no ocultismo e assuntos relacionados,
conheci então o espiritismo e o hermetismo, montei um quebra-cabeças espiritual
na minha cabeça e sigo com esta filosofia até hoje. Não tenho propriamente uma
religião, mas quando sinto necessidade de ir em algum lugar acabo buscando
algum centro espírita ou de umbanda para tomar um passe e me equilibrar. A
lição que podemos aprender em cada caminho que passamos é que somos pequenos,
muito pequenos, diante da imensidão deste universo em que vivemos, que
precisamos respeitar o microcosmo que cada um é pois cada um de nós, unidos,
formamos um macrocosmo; somos fragmentos deste Todo que é Deus.
10)
Sol Rhui: deixo este espaço livre para você falar o que queira e
divulgar o seu trabalho:
Daniel Oliverpe:
Sou autor de "Pergaminhos", mas
também tenho diversos outros livros que postei na íntegra em meu blog “O
Universo de Daniel Oliverpe”. Convido a todos a visitarem meu blog e conferirem
estas outras obras: "Ternos Brancos", "Literatura Errante",
"Caminhos", "Portais", "... Microcosmos...",
"Hermético", "Herético" e "Mágicko". Eu escrevo
periodicamente em meu blog e compartilho aqui com vocês o link:
https://ouniversodedanieloliverpe.blogspot.com/ .
"Eu, Loki Von Asgard..." e "Thagirion, O Cavaleiro do
Pesadelo" são os meus mais novos livros, os quais estão em desenvolvimento
em meu blog. Também tenho uma página no facebook e convido a todos a curtirem e
acompanharem as novidades que posto lá:
https://www.facebook.com/ouniversodedanieloliverpe . E, por fim, gostaria de te agradecer Sol
Rhui pelo espaço que você me cedeu aqui nesta entrevista para falar sobre mim e
o meu trabalho, muito obrigado, de verdade. Desejo a você muito sucesso em tudo
o que você fizer.
Daniel Oliverpe e Sol Rhui