segunda-feira, 4 de março de 2019

ENTREVISTA CONCEDIDA A DANIEL OLIVERPE POR SOL RHUI


1)      Sol Rhui: poderia nos falar um pouco sobre o seu livro Pergaminhos?

Daniel Oliverpe: Tenho um carinho especial por “Pergaminhos” (Editora Multifoco, 2012), não apenas por ser o primeiro livro que lancei em formato físico mas pelo que ele representa. Eu o lancei quando estava com 31 anos (hoje estou com 38) e, na época, fazia uns 5 ou 6 anos que eu havia começado a estudar Ocultismo. Antes de lançá-lo como livro eu havia postado todas as poesias que o compõe em um blog, meu primeiro blog que hoje já não existe mais pois o deletei quando lancei “Pergaminhos” como livro físico. A proposta de “Pergaminhos” era ser uma espécie de Arca onde eu depositaria um pouco de cada coisa que aprendi até então estudando Ocultismo e assuntos afins. Desta forma, em “Pergaminhos” eu apresentaria, de forma introdutória, algum conhecimento, sendo um conhecimento diferente a cada texto, no formato de poesia, e cada poesia apresentando um personagem diferente para ilustrar o conhecimento que eu queria de passar; estes personagens seriam deuses, xamãs, anjos, pretos-velhos, autores, magos, mitos, arquétipos e até mesmo Jesus Cristo, dentre outros; e, através destes “personagens”, eu contava histórias, e eles mesmos tinham vozes em cada uma destas poesias. Assim, eu busquei condensar em “Pergaminhos”, o máximo de conhecimento que eu pudesse em poesias que fossem as mais curtas possíveis de uma forma que a história não fosse comprometida. Cada poesia de “Pergaminhos” funciona em separado como uma história fechada por assim dizer, mas, se você ler do começo ao fim, terá uma história completa com começo, meio e fim ao longo das 23 poesias que o compõe. O livro é repleto de easter eggs, você pode ficar caçando as referências durante o livro todo, tudo funcionando como uma forma de divulgar algum conhecimento, seja nas homenagens que faço, no porque de cada coisa estar lá, até mesmo a quantidade de poesias (23), portanto divirta-se caçando cada coisa no livro (risos), pois cada coisa tem um motivo para estar lá. Posso destacar algumas coisas para aguçar a curiosidade daquele ou daquela que nos lê aqui: há um confronto entre o deus da Guerra Ares e Sun Tzu, autor de A Arte da Guerra, comandando um exército de Shinigamis (que são deuses da Morte); e há também um encontro entre Allan Kardec e Aleister Crowley no Umbral; destaco também os personagens principais da trama que são Hermes, como deus da Ordem, e Éris, como deusa do Caos. Basicamente, sobre a trama de “Pergaminhos”, há algo grandioso acontecendo, e este algo pode destruir todo o universo, cabendo aos heróis da história enfrentar esta ameaça. Mas acho que já falei demais até aqui (risos), convido a todos a lerem este meu pequeno grande livro [vamos lá, leiam, tem 70 páginas apenas (risos)]. Em meu blog estão algumas ilustrações que fiz baseadas neste meu livro, convido a todos também a conferirem estes desenhos, deixo aqui o link: https://ouniversodedanieloliverpe.blogspot.com/2019/02/pergaminhos-ilustrados.html .

2)       Sol Rhui: Por que você escolheu o nome “Pergaminhos” para a sua obra?

Daniel Oliverpe: Se eu contar o porque de se chamar “Pergaminhos” eu entrego o final da história (risos). Mas posso dizer que também é “Pergaminhos” porque cada poesia funciona como se fosse isso mesmo, um pergaminho, que a gente desenrola e lê seu conteúdo; você poderia colecioná-los na antiguidade e guardá-los em uma biblioteca como a de Alexandria (risos).

3)      Sol Rhui: O que mais o motivou para a composição da sua obra? Fale-nos sobre as possíveis influências da mitologia grega e do caoísmo no livro.

Daniel Oliverpe: Como disse, a ideia de “Pergaminhos” era condensar o máximo de conhecimento que eu tinha segundo minhas principais influências, e, dentre estas influências, estavam certamente a mitologia grega e o caoísmo (linhagem da magia do caos). Tem dois livros que são como bíblias para mim e que os juntei em minha cabeça de uma forma que funcionam em conjunto: O Caibalion e o Principia Discórdia. Vejo o Caibalion como um livro que trata de Ordem e o Principia como um livro que trata de Caos. Daí, como me considero alguém que caminha entre a Ordem e o Caos, a coisa acabou por funcionar em conjunto na minha cabeça de uma forma muito pessoal e que eu acho que só eu entendo esta forma (risos). Recomendo a leitura destes dois livros e que cada um tire suas próprias conclusões, pois o que expus aqui é apenas minha humilde visão. Vale destacar que além destas influências herméticas e caóticas, também estão presentes as mitologias nórdica e egípcia.

4)       Sol Rhui: Quando começou o seu contato com a arte poética e gráfica? Desde o começo os seus trabalhos artísticos sofreram influências da vertente místico-esotérica?

Daniel Oliverpe: Minha carreira na escrita começou quando deixei de ser evangélico, lá pelos meus 24, 25 anos. Eu seguia desde pequeno a igreja e isto, de certa forma, me deu um interesse pelas coisas espirituais. Mas eu me sentia fechado em um mundo muito limitado, precisava de mais, não enxergava mais que aquele caminho fazia algum sentido para mim. Foi quando deixei a igreja e passei a me interessar por ocultismo. Então se pode dizer que esta vertente mística-esotérica sempre esteve presente em tudo o que eu escrevia desde o começo, ao menos desde este recomeço. Não que eu não tivesse me interessado por artes desde muito antes, desde pequeno, pois desde pequeno eu vivia desenhando ou escrevendo alguma coisa, vivia criando gibizinhos. Afinal as histórias em quadrinhos é uma paixão de longa data para mim e eu buscava recriar tudo aquilo que eu lia nas histórias do Homem-Aranha e do Batman, mas criando meus próprios heróis. Claro que era de uma forma mais superficial. A maturidade veio quando comecei a escrever após ter deixado a igreja. Muito da minha maturidade também veio para mim quando descobri o espiritismo, vertente que sou muito simpático até hoje.

5)      Sol Rhui: Poderia nos falar sobre a influência do hermetismo presente em algumas das suas poesias?

Daniel Oliverpe: O hermetismo está sempre lá em minhas obras; é minha forma de lutar contra a Matrix, sabe? (risos) Aprender hermetismo te dá armas eficazes contra a ilusão que nos cerca, a ilusão que nos diz que não merecemos, que não podemos, mas, através de estudos herméticos, aprendemos que podemos sim, que merecemos sim; aprender hermetismo faz com que você seja um zumbi a menos a vagar sem saber o que faz aqui, de onde veio, para onde vai. Podemos dizer que a religiosidade ocidental deve a filosofia hermética pois, em cada vertente, há alguma coisa dela. Mas vejo que não é possível explicar exatamente o que é hermetismo, pois é algo que você precisa vivenciar; é como não fosse possível dizer o que é, mas você pode sentir o que é, o que, de fato, é o mais importante, sentir. Deixo aqui uma poesia que fiz recentemente sobre hermetismo, que a chamei simplesmente de “Hermetismo”: Sete são as Leis. / Há a Lei do Mentalismo, a da Correspondência, / a da Vibração, a da Polaridade, a do Ritmo, / a do Gênero, e a de Causa e Efeito. / Há quem diga que existam mais Leis, / mas é tão hermético que não se divulga. / Estas são Leis que regem o Universo como o conhecemos. / São as grades de nossa prisão. / Aprender sobre estas Leis te permite “hackear” / a Matrix em que vivemos. / É tudo como uma simulação de computador / e o conhecimento das Leis te permite ser o mestre do jogo. / Basta você entrar em sintonia com a egrégora hermética / e aplicar o conhecimento adquirido / que você pode driblar a influência destas Leis em tua vida, / podendo manipulá-las ao teu favor. / Estudar hermetismo é uma chave / que vai te abrir muitas portas. / O hermetismo, o estudo hermético, pode ser algo fechado / mas também significa o conhecimento que vem de Hermes. / Entre em sintonia com Hermes / e ele te revelará muitos segredos. / Lembre-se sempre de que / os lábios da sabedoria estão fechados, / exceto aos ouvidos do entendimento”. / Esta frase que citei está no livro “O Caibalion”, / que é um belo manual de instruções / de como “hackear” o sistema em que vivemos, / esta grande ilusão que nos cerca. / Lá também está escrito que / “os Princípios da Verdade são Sete; / aquele que os conhece perfeitamente / possui a Chave Mágicka / com a qual todas as Portas do Templo / podem ser abertas completamente”, / o que podemos abraçar como um resumo / de tudo o que disse até aqui. / Estudar hermetismo te permitirá despertar / para a vida de verdade; / você passará a ver tudo com outros olhos, / deixará de ser um zumbi, / deixará de ver apenas sombras em uma caverna, / enxergará que a verdade não só “está lá fora” / como também está bem aí, dentro de você. / Toma da pílula vermelha e você verá / até onde vai a toca do coelho. / Agora se optar pela pílula azul, / você vai acordar na tua cama / tendo a impressão de que tudo o que te disse até aqui / foi apenas um sonho.

6)      Sol Rhui: Que outras filosofias espirituais marcaram as suas composições?

Daniel Oliverpe: Temas filosóficos, espíritas, espiritualistas, mitológicos, mágickos, ocultistas, herméticos e assuntos relacionados me interessam e muito, e procuro sempre colocar um pouco disso e um pouco daquilo em cada texto que escrevo. Mas estou sempre buscando aprender algo novo e, conforme aprendo, acabo passando isso de alguma forma para meus textos. Kabbalah é algo que também me interessa mas vejo como algo ainda mais difícil de explicar o que é do que o hermetismo (risos). Tanto a kabbalah quanto o hermetismo é algo que temos mais que nos preocupar em sentir o que é do que explicar o que é. É como se faltasse algo em nós que nos permitisse de expressar com totalidade o que é a kabbalah, o que é o hermetismo. Outros assuntos que também me interessam são a iluminação, o romper com a roda das constantes reencarnações, o contato com o sagrado anjo guardião e o reconhecimento de nós mesmos como divindades e, é claro, minha constante luta contra a Matrix (risos).

7)      Sol Rhui: O que você gosta de fazer nas horas vagas além de escrever poesias e desenhar?

Daniel Oliverpe: Gosto muito de ver filmes, por isso gosto muito de ir ao cinema. Vou citar aqui meus filmes favoritos: a trilogia Matrix é claro (risos), a trilogia do Batman do Christopher Nolan, sendo que, do Nolan, também gosto muito de A Origem, Interstelar e O Grande Truque, também gosto muito de Constantine com Keanu Reeves, dos dois filmes do Sherlock Holmes com Robert Downey Jr., e dos filmes da Marvel que acompanho sempre que lança um novo nos cinemas. Também gosto muito de ouvir música, no geral rock, mas também gosto muito de música instrumental do tipo orquestrada. Vou citar aqui minhas bandas favoritas: AC/DC, BlutEngel, Epica, Evanescence, Foo Fighters, Lacrimosa, Marilyn Manson, Metallica, Mono Inc, Nine Inch Nails, OOMPH!, Ozzy Osbourne, Pearl Jam, Queens of The Stone Age, Rammstein, Rob Zombie, Slipknot, System of a Down, The Smashing Pumpkins e Tristania. Também gosto muito de ler, estou sempre lendo alguma coisa, gosto muito dos livros do Dan Brown e de livros que sejam ocultistas ou de assuntos relacionados. Deixo aqui um link de um texto meu em que cito os livros que mais me influenciaram até aqui: https://ouniversodedanieloliverpe.blogspot.com/2019/02/eu-loki-von-asgard-09.html . Outra coisa que faço muito em meu tempo livre é ler histórias em quadrinhos, em especial as de super-heróis, é uma paixão que tenho desde pequeno e que, com certeza, vou levar para a vida toda.

8)      Sol Rhui: Como você avalia que a prática de escrever e ler poesias contribui para otimizar a sua vida?

Daniel Oliverpe: Escrever para mim é uma necessidade. Acredito que seja algo que me permite contribuir com o mundo de alguma forma. É o meu legado. É a maneira como deixo minha marca no mundo. É algo que me faz com que eu me sinta realizado. Sinto que, ao escrever, estou cumprindo minha Verdadeira Vontade, que estou cumprindo minha jornada do herói pessoal. A cada novo texto é como se eu evoluísse mais um pouco, ao mesmo tempo em que, a cada novo texto, também percebo que “só sei que nada sei” e que tenho muito a aprender ainda.

9)      Sol Rhui: Fale-nos um pouco sobre a sua espiritualidade. Já seguiu ou segue algum caminho espiritual específico? Qual foi a maior lição que você aprendeu em cada vertente espiritual que já participou?

Daniel Oliverpe: Ao longo desta entrevista já citei bastante sobre minha espiritualidade, dá pra se ter uma ideia por quais caminhos segui. Mas, resumidamente, posso dizer que iniciei a vida como católico, migrei para a evangélica, deixei de acreditar em tudo me tornando alguma espécie de ateu, então me descobri no ocultismo e assuntos relacionados, conheci então o espiritismo e o hermetismo, montei um quebra-cabeças espiritual na minha cabeça e sigo com esta filosofia até hoje. Não tenho propriamente uma religião, mas quando sinto necessidade de ir em algum lugar acabo buscando algum centro espírita ou de umbanda para tomar um passe e me equilibrar. A lição que podemos aprender em cada caminho que passamos é que somos pequenos, muito pequenos, diante da imensidão deste universo em que vivemos, que precisamos respeitar o microcosmo que cada um é pois cada um de nós, unidos, formamos um macrocosmo; somos fragmentos deste Todo que é Deus.

10)   Sol Rhui: deixo este espaço livre para você falar o que queira e divulgar o seu trabalho:

Daniel Oliverpe:  Sou autor de "Pergaminhos", mas também tenho diversos outros livros que postei na íntegra em meu blog “O Universo de Daniel Oliverpe”. Convido a todos a visitarem meu blog e conferirem estas outras obras: "Ternos Brancos", "Literatura Errante", "Caminhos", "Portais", "... Microcosmos...", "Hermético", "Herético" e "Mágicko". Eu escrevo periodicamente em meu blog e compartilho aqui com vocês o link: https://ouniversodedanieloliverpe.blogspot.com/  . "Eu, Loki Von Asgard..." e "Thagirion, O Cavaleiro do Pesadelo" são os meus mais novos livros, os quais estão em desenvolvimento em meu blog. Também tenho uma página no facebook e convido a todos a curtirem e acompanharem as novidades que posto lá: https://www.facebook.com/ouniversodedanieloliverpe . E, por fim, gostaria de te agradecer Sol Rhui pelo espaço que você me cedeu aqui nesta entrevista para falar sobre mim e o meu trabalho, muito obrigado, de verdade. Desejo a você muito sucesso em tudo o que você fizer.


Daniel Oliverpe e Sol Rhui

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